Você já ouviu falar sobre a renúncia aos vínculos parentais como um elemento-chave para o sucesso dos relacionamentos amorosos?
De acordo com Bert Hellinger, renomado criador das constelações familiares, existe algo profundo dentro de nós que precisa ser deixado para trás a fim de que um relacionamento de casal floresça.
E esse “algo” é o nosso primeiro e mais profundo amor: o amor pelos nossos pais.
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Para muitas pessoas, abrir mão desse amor é uma tarefa desafiadora, pois implica em sair da esfera de afeto dos pais, o que pode ser doloroso. Essa dificuldade pode levar a comportamentos prejudiciais nos relacionamentos. Os homens podem se tornar conquistadores, agindo como “Don Juan”, enquanto as mulheres podem se tornar “filhinhas do papai”.
Quando somos crianças, vivemos nossos primeiros anos imersos na esfera materna.
Sob a influência da mãe, um menino pode se tornar um grande sedutor, mas terá dificuldade em apreciar as mulheres e manter relacionamentos afetivos duradouros.
Também pode encontrar obstáculos para ser um pai dedicado e amoroso.
Para que esse menino se transforme em um homem maduro, é necessário que ele renuncie ao amor profundo que sente pela mãe e ingresse na esfera de influência do pai.
Somente quando ele resolver o apego emocional à mãe, seja afetuoso ou ressentido, ele poderá se entregar completamente à parceira e alcançar sua plena masculinidade.
Filhinha do Papai
No caso das meninas, elas também entram na vida sob a influência da mãe, mas experimentam o feminino e a atração pelo masculino de forma diferente.
O pai exerce um fascínio sobre elas e, se tudo correr bem, elas desenvolvem a habilidade de atrair os homens com base na segurança do amor paterno.
No entanto, se permanecerem nessa influência paterna, elas se tornam “garotinhas do papai”.
Elas podem até amar alguém, mas têm dificuldade em se tornar mulheres maduras, em se relacionar em pé de igualdade com o parceiro ou em ser mães generosas e dedicadas.
Para se tornarem mulheres plenas, as meninas precisam abandonar o primeiro amor de suas vidas – o pai – e romper os laços que as fazem acreditar que ele é o parceiro ideal. Somente assim elas podem se reconectar com a mãe.
Renunciando a antigos vínculos
Se um homem continua a ser um filho em busca da mãe e uma mulher continua a ser uma filha em busca do pai, seus relacionamentos podem ser intensos e afetuosos, mas não alcançarão a plenitude do amor maduro entre homem e mulher.
Esse tipo de relacionamento baseia-se na busca inconsciente de receber algo que não foi recebido dos pais. É possível observar que, nesse tipo de relacionamento, um parceiro insiste em tratar o outro como filho, mãe ou pai.
Para que um casal tenha um relacionamento saudável e bem-sucedido, é necessário sacrificar e renunciar aos antigos vínculos com os pais. Isso não significa desrespeitar
ou abandonar os pais, mas sim reconhecer que o relacionamento de casal exige um espaço próprio, independente dos laços parentais.
É um processo de libertação e maturidade emocional que permite que ambos os parceiros se desenvolvam como indivíduos autônomos e se relacionem como adultos.
Amar sem carências emocionais
Ao renunciar aos vínculos parentais, abrimos espaço para construir uma conexão mais profunda e autêntica com nosso parceiro.
Isso nos permite amar e ser amados de forma plena, sem as expectativas ou carências emocionais que trazemos de nossas experiências familiares.
É uma oportunidade de crescer, aprender e nos tornarmos versões melhores de nós mesmos.
As constelações familiares podem desempenhar um papel fundamental nesse processo de renúncia e libertação.
Através dessa abordagem terapêutica, podemos visualizar e compreender as dinâmicas familiares que nos influenciam e identificar os padrões de comportamento que limitam nossos relacionamentos.
Com essa consciência, somos capazes de realizar as renúncias necessárias e nos abrir para novas possibilidades de amor e conexão.
É importante ressaltar que renunciar aos vínculos parentais não significa negar ou rejeitar nossas origens familiares. Trata-se de encontrar um equilíbrio saudável entre honrar nossa história familiar e desenvolver relacionamentos íntimos e satisfatórios com nossos parceiros.
Ao embarcar nessa jornada de renúncia e transformação, podemos experimentar uma liberdade emocional e uma sensação de plenitude que antes pareciam inalcançáveis.
Os relacionamentos se tornam mais equilibrados, íntimos e gratificantes, pois são baseados na aceitação mútua, no respeito e na autonomia emocional.
Se você está buscando um relacionamento amoroso saudável e duradouro, considere explorar as constelações familiares como uma ferramenta para compreender e transformar seus padrões de relacionamento.
Lembre-se de que a renúncia aos vínculos parentais não é uma perda, mas um ganho em liberdade e autenticidade. Permita-se embarcar nessa jornada de autodescoberta e amor pleno.
Leandro Raiser
Terapeuta, facilitador de constelações familiares.