Na visão das constelações familiares, o “amor cego” refere-se a um tipo de amor que ocorre de forma inconsciente e desequilibrada, onde os sentimentos de amor e lealdade são direcionados a membros da família ou ancestrais de forma intensa, mesmo que esses membros tenham causado sofrimento ou tenham se envolvido em ações prejudiciais.
Bert Hellinger observou que em algumas situações familiares, o amor pode ser cego a ponto de ignorar ou aceitar dinâmicas disfuncionais ou eventos traumáticos que ocorreram no passado.
Esse tipo de amor pode levar a uma lealdade profunda e inquestionável aos antepassados, mesmo que isso signifique sacrificar o próprio bem-estar ou perpetuar padrões negativos.
Por exemplo, em casos de abuso ou exclusão de membros da família no passado, alguns descendentes podem se sentir compelidos a assumir o sofrimento desses membros como uma forma de amor cego.
Eles podem repetir padrões destrutivos ou sacrificar sua própria felicidade em nome da lealdade inconsciente aos seus antepassados.
O amor cego também pode se manifestar quando um membro da família tenta preencher o vazio emocional deixado por um ancestral que foi excluído ou não reconhecido.
Esse membro pode assumir a dor e a carga emocional daquele que veio antes, mesmo sem estar ciente disso.
O trabalho das constelações familiares visa trazer à luz essas dinâmicas ocultas de amor cego, permitindo que os membros da família reconheçam e liberem essas lealdades desequilibradas.
Ao trazer clareza e compreensão, as pessoas podem encontrar um equilíbrio saudável entre honrar seus ancestrais e cuidar de si mesmas, permitindo que o amor flua de maneira mais harmoniosa e consciente dentro do sistema familiar.
Leandro Raiser
Terapeuta, facilitador de constelações familiares.