Crianças que assumem a responsabilidade dos pais

Analisando a dinâmica das constelações familiares, é comum observar que muitas crianças enfrentam doenças, problemas ou comportamentos desafiadores porque assumem responsabilidades que deveriam ser dos seus pais. 

Isso acontece porque elas acabam olhando para aquilo que os adultos se recusam a encarar, “trabalhando” em prol dos pais, que permitem que elas se sacrifiquem em seu lugar.

Embora os pais geralmente não queiram prejudicar seus filhos, quando um adulto evita lidar com determinadas questões, a criança tenta assumir essa responsabilidade e acaba falhando, pois aquele que tenta carregar o fardo por outra pessoa sempre acaba fracassando.

Uma situação comum é quando ocorre exclusão dentro do sistema familiar. 

Quando alguém é excluído, é provável que um descendente assuma o seu lugar e isso pode acarretar uma série de problemas na vida das crianças. 

Nesses casos, é fundamental que aqueles que ignoraram o excluído finalmente o reconheçam. 

Somente quando o excluído é visto e reconhecido é que a criança encontra sua liberdade.

Outra situação ocorre quando a criança deseja “ajudar” os pais quando estes estão sofrendo. Internamente, ela diz: “Eu assumo isso por você” ou “Vou sofrer em seu lugar”. 

Embora isso seja motivado pelo amor, trata-se de um amor cego que leva a comportamentos agressivos, vícios ou até mesmo pensamentos suicidas por parte da criança.

No entanto, é importante observar que a criança só assume esse papel se o adulto internamente permitir, ao dizer: “Sim, você pode fazer isso por mim.”

Quando esse padrão é identificado em uma constelação familiar, a solução está no adulto reconhecer a verdade e comunicar à criança algo saudável como: “Não! Isso é minha responsabilidade e eu irei cuidar disso. Você é pequeno(a) demais.”

A partir desse momento, a pessoa pode lidar com a situação de maneira adulta, aprendendo com a experiência e fortalecendo-se. 

Do mesmo modo, para a criança, é um alívio presenciar seus pais agindo dessa forma, pois ela descobre que é possível encontrar a felicidade mesmo após o sofrimento.

Leandro Raiser

Terapeuta, facilitador de constelações familiares.

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